Pular para o conteúdo principal

Postagens

Egito, do caos ao êxtase.

  Desde os tempos de escola, minha ideia sobre o Egito foi sendo construída através da beleza e importância que o Egito Antigo tem na história da humanidade e sua civilização, pois o avanço do Egito em relação às demais civilizações da época, era notável. Muito antes dos romanos, faraós já edificavam grandes construções dando origem às primeiras versões do que seriam as Pirâmides do Egito. E em 2018, dando sequencia ao meu calendário exótico de destinos, tive o privilegio de visitar esse país tão impactante e cheio de contrastes. Desde Luxor, onde vida e morte ocupam cada uma sua margem do Rio Nilo, sendo que na margem ocidental está o Vale dos Reis e Rainhas, territórios sonhados por arqueólogos, na margem oriental está o Templo de Luxor e Karnak, que com suas colunatas imensas, que se abrem em praças e se fecham em corredores, são de tirar o folego.   Em Luxor embarcamos em um pequeno cruzeiro com duração de quatro dias pelo Rio Nilo, fonte de vida e indispensável num país que po
Postagens recentes

China, sempre presente em mim.

  Quem viaja adquire conhecimento e cultura através de uma experiência própria, portanto, somente tem validade e especial significado para quem viveu tal experiência. Ou seja, poderíamos até ter a mesma experiência, mas talvez não se adaptasse ao nosso gosto, emoções e sentimentos da mesma maneira como foi para o outro. E essa dedução é óbvia, pois somos seres humanos singulares, cada qual com sua carga emotiva, sentimental e anímica, seja em qualquer lugar no mundo. Por isso, não é em vão que existam pessoas que sintam atração por certos países, enquanto que outras nem desejo de conhecê-los têm.  E o bom viajante, aquele que possui um coração que sente, observa e guarda para sempre o momento vivido, sabe que também viaja para aprimorar-se internamente, porque viajar é uma das melhores maneiras de expandir a consciência e deixar que as preocupações desapareçam junto com outras formas de apego. Portanto, quem não estiver aberto a valorar um simples recorrido sem preconceito ou opini

Viajar é preciso.

  Com toda a tecnologia que hoje dispomos, comodamente passamos do bairro em que vivemos para qualquer outro lugar no planeta, basta apenas o computador. Acessamos um mapa via satélite, damos um zoom poderoso capaz de transformar um amontoado de pixels em qualquer escala que necessitemos, e pronto. Rapidamente podemos visitar uma cidade inteira, e conhece-la em detalhes através de imagens e informações, vistas a partir do céu. Porém, nada mais abstrato. Nada menos realista. Uma imagem de satélite nos permite perceber uma cidade e toda sua região, mas decompõe-se em múltiplos écrans no momento em que descemos a terra. Para conhecer de fato, é preciso deslocar-se fora da tela. É preciso viajar. Só assim se aprende verdadeiramente a conhecer um lugar, pois é através da visão subjetiva, personalizada e individualizada que fazemos nossa própria compreensão do lugar. É no somatório das dimensões geográficas, simbólicas, emocionais, culturais, políticas, biológicas e religiosas que criamo

Patagonia Argentina, meu lugar no mundo.

  Desde que cheguei à Argentina, - e lá se vão quase oito anos -, sonhava em conhecer a Patagônia, região de aproximadamente 930 mil quilômetros quadrados que abrange uma vasta área no extremo sul do país, mas que também possui uma pequena extensão além da fronteira com o Chile. Caracterizada pelo clima frio, baixas temperaturas, nevadas, glaciares espetaculares e majestosas montanhas, a região é conhecida e muito procurada justamente por essas incríveis paisagens. Mas também há pelo caminho muitas planícies áridas, pastagens e desertos, cenário desconhecido para a maioria, pois somente desfruta dessa paisagem quem decide se aventurar de carro. E foi o que fizemos. Iniciamos nossa viagem no dia 04 de janeiro de 2016, partindo de Buenos Aires, a bordo de um confortável Toyota Corolla. E quanto mais nos afastávamos de Buenos Aires, mais fascinada eu ficava com as paisagens panorâmicas. Ora eram grandes desertos, ora uma natureza exuberante e sedutora. E essa alteridade fascinante de

Há muito mais para ver além da colina.

  Sempre soube que chegaria o dia em que poderia abraçar o horizonte, contemplar e ascender ao céu, espalhar-me entre as nuvens algodoadas e, no silêncio da realidade palpável, e o devaneio, dar asas ao que trago dentro, e voar. Sempre soube que sou uma pessoa com asas. Não sou do tipo que cria raiz. Há que deixar ir. Há que voar. Quem deixar ir dá às pessoas uma escolha, capacita e liberta. Observe o voo de um pássaro. Jamais irá vê-lo carregando, puxando ou arrastando outro pássaro consigo, pois ambos não seriam capazes de voar.   Ambos cairiam ou teriam muita dificuldade para continuar. E aqui estou eu, seguindo no meu voo independente, solo e feliz. Abraçando a cada novo dia o horizonte que se apresenta - e sempre que o horizonte me sinalize o limite do olhar, sei que o mundo ali não se esgota. Estende-se muito além daquilo que eu possa enxergar. E assim é. Ascendi ao céu e voei. Nos últimos oito anos viajei   o mundo. Este mundo tão incrivelmente vasto, que às vezes, quase

De étranger a novos significados.

  Na última vez que estive na França, - e lá se vão mais de três anos, devido à pandemia - descobri que a palavra “étranger” possui duplo sentido, pois pode ser usada para referir-se a uma pessoa estrangeira ou também a uma pessoa estranha, desconhecida. O que é certo, pois o estrangeiro é um estranho, uma espécie de intruso, um desconhecido.   É um “estar no mundo” ou “entre mundos”. É aquele que se situa na fronteira. O fora do dentro. Hoje, depois de oito anos vivendo na Argentina, ainda insisto em falar português com os mais próximos ao invés do espanhol. Será porque a lingua portuguesa tem uma sonoridade particularmente bonita? Até pode ser, mas sou uma estrangeira, e, como tal, de certa forma ainda me sinto um pouco partida, e não somente entre idiomas, mas também no que diz respeito à cultura, costumes e outras “cositas”. Mas o mais importante, e o que realmente me alegra, é que desde que me tornei inquilina desse “hermoso” país, perdi todas as referências do que conhecia como

Saudade... A mais brasileira das palavras.

Dentro de uma gama variada de sentimentos, há um tão profundo, interno e desconcertante chamado saudade. Uma ferramenta da alma que, desejável, ou não, tem a função de nos aproximar das pessoas ausentes, pois é na saudade que revisitamos o outro que se foi. Saudade é a verificação da permanência do outro em nós. É um reencontro com o passado. Uma retificação da memória. Um situar-se no meio do que foi, e não é mais. É o que deixou de existir. Saudade é medida do tempo. É o tempo mais circular que retilíneo. É o passado vivo no presente. Um sentimento de significados múltiplos, individual e intimista. Saudade é o que tenho sentido ao longo dos últimos meses. Uma sensação de que, o que se perde, não desaparece. E nesse sentido se estabelece essa relação estrutural-temporal, onde percebo a construção de diferentes tempos.  Os tempos de memórias, cujas bases são a dimensão afetiva, sobretudo a saudade, e também os rituais, ou seja, as datas comemorativas. Sei que essa ligação, es