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Saudade... A mais brasileira das palavras.

Dentro de uma gama variada de sentimentos, há um tão profundo, interno e desconcertante chamado saudade. Uma ferramenta da alma que, desejável, ou não, tem a função de nos aproximar das pessoas ausentes, pois é na saudade que revisitamos o outro que se foi.

Saudade é a verificação da permanência do outro em nós. É um reencontro com o passado. Uma retificação da memória. Um situar-se no meio do que foi, e não é mais. É o que deixou de existir.

Saudade é medida do tempo. É o tempo mais circular que retilíneo. É o passado vivo no presente. Um sentimento de significados múltiplos, individual e intimista.

Saudade é o que tenho sentido ao longo dos últimos meses. Uma sensação de que, o que se perde, não desaparece. E nesse sentido se estabelece essa relação estrutural-temporal, onde percebo a construção de diferentes tempos. 

Os tempos de memórias, cujas bases são a dimensão afetiva, sobretudo a saudade, e também os rituais, ou seja, as datas comemorativas.

Sei que essa ligação, esse vínculo mãe e filha serão continuados e reafirmados pela memória, pela saudade e pelo amor, pois enquanto existir memória, e saudade, você seguirá viva em meu coração.

 

Saudade mama. Eterna.


Denise Oliveda Kirsch

 

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